quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Estado Laico, Democracia e Feliciano



Um dos assuntos que vem repercutindo e gerando debates durante a semana é o caso das duas garotas que foram detidas e agredidas após se beijarem durante um culto evangélico onde o pastor e deputado Marco Feliciano pregava. Opiniões divergem e mais uma polêmica acerca o tão querido e odiado pastor. O beijo ocorreu em protesto contra o deputado e suas atitudes dentro do governo, e não é de hoje que protestos contra o mesmo vem ocorrendo. Entretanto muitos dizem que as garotas foram longe de mais com seu protesto, uma vez que religiosos estavam presentes e a área não é um local propicio para protestar. 

Um culto religioso, obviamente não é um palco para protesto, assim como a frente de um estádio também não. E o que vimos na Copa das Confederações foram protestos e assim como agiram com abuso de autoridade naquele momento, o pastor agiu também com abuso durante o culto, mandando prender e retirarem as duas garotas que haviam se beijado. Policiais se encaminharam para o local que as garotas estavam e as retiraram da multidão, as levando para de baixo do palco montado para o culto e agrediram-nas.  

Feliciano é uma figura pública, um deputado e está (querendo ou não) exposto a tal tipo de ocorrência. Protestos acontecem contra ele e por isso, não será em um culto que ele estará livre disto. Vivemos em país que se diz democrático, onde cada cidadão em tese tem o direito de liberdade de expressão. Temos o direito de reivindicar o que nos é direito de tais figuras políticas, afinal, eles foram eleitos para bem do povo (e não somente de uma classe, de uma religião, etc.). O fato do deputado estar sobre um palco em um local público, não faz que sejamos proibidos de nos expressar. 

Ao buscar vídeos do ocorrido, fica claro, que as meninas não agiram com violência em momento algum com os religiosos presentes, não foram baderneiros como acusa o pastor, elas apenas beijaram-se, como um casal. E tal ato, trouxe uma grande revolta no pastor, que agiu com abuso de autoridade, enquanto as garotas eram retiradas do local, ele continuou intocável em seu palco, pregando e ofendendo os que protestavam. E não é de agora que Feliciano vem incitando ódio pelos homossexuais ou qualquer opinião divergente com a sua (que se embasa em sua religião). Como ocorreu a poucos dias, com o canal humorístico Portas do Fundo, querendo que fosse retirado um dos vídeos por achar a brincadeira de extremo mal gosto.  

Após o ocorrido com as garotas, Feliciano em seu twitter, demonstrou indignado com todo o ocorrido, dizendo que a imprensa estava apenas vendo o lado errado do acontecido. Argumentou de diversas maneiras, como normalmente faz, deixando apenas um sentimento para aqueles que são contra as atitudes do deputado: revolta. 

O Brasil vem caminhando e enfrentando dificuldades por esses últimos meses, devido a tantos protestos que vem ocorrendo e com a força bruta que vem sendo utilizada contra a população que já não suporta o modo que o país vem sendo governado. Será que é correto haver uma bancada religiosa dentro do nosso governo? Ou melhor, será que é correto existir uma bancada que tem apenas uma religião como dominante, mesmo com o Estado sendo laico? O país é diversificado por diversas religiões, é correto somente uma ter privilégios? E o direito daqueles que são ateus? Daqueles que se veem ofendidos e oprimidos por um deputado como Feliciano?  

O Estado se diz "laico", assim como se diz "livre", agora me responda Feliciano: com base nisto, até quando irá embasar seus argumentos na religião? Até quando argumentará dentro do governo, com sua fé? 

Até quando, teremos que suportar esta falsa máscara que é utilizada pelo Brasil? Somos laicos? Somos livres? Somos respeitados? Temos nossos direitos? Temos que suportar essas pessoas nos calando com força bruta? Temos que aguentar até quando, pessoas como Marco Feliciano no governo, sendo deputado e sendo presidente da Comissão dos Direitos Humanos?

quarta-feira, 18 de setembro de 2013





Thomas. Thomas. Thomas. Thomas. Thomas.


Talvez escrevendo seu nome milhares de vezes, você saia do meu ser, dos meus pensamentos, do meu coração. Eu não o amo. Eu não o venero. Eu não o tenho. Mas eu te quero. Eu te quero com uma intensidade jamais imaginada por mim. Eu não sinto ternura por ti. Eu não sinto carinho. Mas eu odeio. Odeio por me fazer tão escrava de ti. Tão suja de pecado. Tão impura por desejar-te tanto. 


Thomas Morrison. Alice Jones. Você. Eu. 

Mais velho. Mais experiente. Mais envolvente. Eu não o quero para namorar. Não quero filhos com você. Não quero me casar contigo. Mas por qual (maldito) motivo, eu imagino você e eu, com duas pequenas crianças em um apartamento e com alianças douradas trocadas? 

Alice Morrison...

Suas palavras são vazias, escritas no silêncio da noite, apagadas no amanhecer. Somos nós que usamos palavras de menos, para descrever sentimentos de mais. Bêbados em uma escada vazia do metrô. Para que palavras? Usamos línguas, mãos, bocas. Sua. Minha. Escondidos dos conhecidos, escondidos dos compromissos.

Thomas. Thomas. Thomas. Quinhentas vezes, Thomas.

Quinhentas vezes para esquecer. Uma, apenas, para lembrar. Como posso simplesmente fingir que isso é pouco, quando isso é muito? Muito mais do que consigo lhe dar, muito mais do que consigo imaginar.

Amantes. Essa é a palavra que não usamos, mas sabemos que somos. Era para ser apenas uma vez. Apenas um beijo. Apenas uma noite. Apenas uma falha. Era, mas não foi. Quatro meses. O beijo se prolongou no escondido. O toque sutil se transformou em malicioso. O olhar cruzado, se fixou. Somos nós. Somos amantes. Não apenas um erro e sim uma traição. Fingindo que não é nada, quando é tudo.

Um castelo de mentiras. Promessas feitas, promessas quebradas. Somos errados. Somos culpados. "Somos suspeitos de um crime perfeito"¹. Sempre colocamos fim, sempre falamos que é a ultima vez. Nossa vida é feita de ultimas vezes. Fins inacabados. Beijos maculados. Porém o toque instiga a querer novamente, instiga ao recomeço. O aroma viciante do perfume, do cabelo, da roupa. O vicio do perigo, da adrenalina. Delimitamos lugares escondidos. Violamos os locais proibidos. Pegos pelo desejo, pelo medo do fim, pelo medo do começo, pelo medo de nós mesmos. Medo de se apaixonar, medo de amar.



¹ = Trecho retirado da música da banda Engenheiros do Hawaii.